Por Lívia Neder
Responsáveis por atender toda a rede ambulatorial municipal, os laboratórios João Vizella, no Barreto; e Miguelote Viana, no Vital Brazil, estão sem realizar diversos exames há mais de um mês. Além dos serviços suspensos, na última semana a plataforma Resnit — que dá acesso a exames, procedimentos, internações e atendimentos com especialistas — ficou fora do ar. Enquanto profissionais dizem que o sistema não funcionou por uma semana, a prefeitura alega que o problema durou apenas 24 horas.
Funcionários da rede ambulatorial comunicaram à Associação dos Servidores da Saúde de Niterói que a falta de exames nos laboratórios está crítica, com 11 exames em falta no João Vizella e 22 no Miguelote Viana, e que o Resnit estava suspenso por falta de pagamento.
—Os profissionais relatam que diversos exames importantes para diagnósticos e investigação de diagnóstico estão em falta desde o mês passado. Isso é inadmissível. O profissionais não conseguem dar curso ao processo assistencial para fazer uma avaliação clínica adequada. Impacta diretamente na qualidade da assistência à população. O João Vizella e o Miguelote Viana são os principais laboratórios que atendem os módulos do Médico de Família, as unidades básicas de saúde, policlínicas comuns e policlínicas de especialidade— afirma o presidente da associação, o médico César Braga.
Presidente da Comissão de Saúde da Câmara, o vereador Paulo Eduardo Gomes (PSOL) diz que há uma lei municipal de sua autoria que determina não só a existência do sistema de regulação Resnit, mas também sua total transparência, para que as pessoas saibam quando farão um exame, uma cirurgia, uma consulta ou uma internação.
— Aprovamos uma emenda orçamentária para assegurar esse serviço. Ou seja, o descumprimento dessa lei é uma violação grave, e o gestor será responsabilizado. Niterói tem uma Secretaria de Planejamento que não planeja nada, que na verdade cria problemas demais em processos simples e urgentes e está contribuindo assim para a morte de muitas pessoas. Semana passada visitei a Policlínica de Especialidades da Mulher Malu Sampaio e apurei que havia mais de 1.800 exames de preventivo parados por falta de um insumo específico. Tanto a gestão da pasta da Saúde quanto o setor de planejamento do governo precisam responder por mais esse descaso — diz.
Em nota, a Secretaria municipal de Saúde afirmou que o Resnit está operando normalmente e que “o sistema ficou fora do ar por 24 horas, devido a questões técnicas e não houve prejuízo a nenhum paciente, considerando que há um plano de contingência para esses casos”. No entanto, na sexta-feira, após o envio da nota, no fechamento desta edição, profissionais de algumas unidades diziam que o problema continuava.
Em relação aos exames laboratoriais, a secretaria diz que a previsão de regularização é para o final deste mês. “Os processos de aquisição estão em fase de finalização e entrega”, diz a nota da pasta.
Reportagem publicada no Jornal de Bairros Niterói, do O Globo, de domingo 16/07/2023